História

Situada no extremo Norte do Baixo Alentejo, a Freguesia de Vidigueira é Sede do Concelho homónimo, no Distrito de Beja. Tem por orago Nossa Senhora das Relíquias, celebrada todos os anos, na Quinta-Feira de Ascensão.
O topónimo “Vidigueira” é um derivado de “Vidigal” do latim “viticale”, cujo significado é “terreno onde cresce o vitex”, o mesmo que agnocasto, uma espécie de arbusto aromático. A existência de Vidigueira como povoação, só se encontra documentada a partir de meados do século XIII; porém, não é de todo excluída a hipótese de presença humana no território da freguesia em épocas muito mais recuadas, já que o seu concelho possui numerosos dados, sobretudo de natureza arqueológica, que tornam possível detetar a presença humana até aos tempos pré-históricos, permitindo traçar um panorama da evolução histórica desta região.
Todos estes vestígios pré-históricos e outros que se vão descobrindo, denotam a importância que teve esta região, sobretudo no período neolítico, e fornecem eloquente testemunho de um povoamento que se estende já por vários milénios. Os povos antigos eram atraídos pelo clima e pela riqueza naturais, que lhe ofereciam as condições necessárias e motivos suficientes de atracão para que aqui se estabelecessem. Igualmente atraídos por estas condições, também os romanos aqui se fixaram. A freguesia de Vidigueira parece ter tido a sua origem durante o reinado de D. Afonso III, por altura do repovoamento do território português, depois das guerras da Reconquista Cristã. É então do século XII para o seguinte que se encontram as primeiras referências da freguesia de Vidigueira, que na altura provavelmente detinha pouca importância.
O primeiro donatário da Vidigueira foi o "Mestre Tomé" tesoureiro da Sé de Braga, que serviu D. Afonso III com grande lealdade. Segundo testemunha uma escritura do século XIV, de 1304 a 1315, a Vidigueira pertenceu ao Rei D. Dinis, que a doou à sua sobrinha, a Infanta D. Isabel. O senhorio parece ter ficado sem interrupção aos descendentes desta, o que não impediu que o Rei D. Fernando, por carta de 20 de Março de 1368, pudesse doar a Vidigueira a Vasco Martins de Melo, e depois deste a D. João, filho do Conde D. João Afonso Telo e mais tarde, ainda a doou à sua filha bastarda D. Isabel.
Com a morte de D. Fernando e consequente crise de sucessão, também conhecida por Interregno, as terras passaram à coroa. Em 1385, D. João I, já no poder, doou a povoação de Vidigueira ao Condestável D. Nuno Álvares Pereira, sendo a doação confirmada por carta do mesmo monarca, a 4 de Abril de 1433, quando a representava o neto do Condestável do Reino, D. Fernando, Marquês de Vila Viçosa e futuro 2º Duque de Bragança; assim entrou esta freguesia para a Casa de Bragança. A queda desta Casa com a execução do 3º Duque, após julgamento no tempo de D. João II, fez com que a Vidigueira voltasse para a posse da coroa, e assim pôde este rei doar os respetivos direitos reais dela ao fidalgo Nuno Pereira, em 13 de Setembro de 1483.
Todavia, restaurada a Casa de Bragança e restituída por D. Manuel I às suas possessões, passou a povoação de Vidigueira ao Duque D. Jaime e deste ao grande Vasco da Gama, por meio de trespasse do senhorio, a troco de um padrão de juro de 300 mil réis e 4 mil cruzados em dinheiro; a transferência foi confirmada por D. Manuel I.
Sete anos após a concessão do foral da Vidigueira, por carta passada em Évora a 29 de Dezembro de 1519, D. Manuel I concedeu a D. Vasco da Gama, Almirante da Índia, o título de 1º Conde da Vidigueira, ficando esta vila assim ligada ao nome de tão ilustre navegador.
Na freguesia de Vidigueira destacam-se como património cultural e edificado:

  • O Castelo, dentro do qual se encontra o Paço dos Condes da Vidigueira que teve a sua origem no século XV; desta residência fortificada dos Gamas, resta apenas a Torre de Menagem que serve como miradouro, de onde se avista a magnífica paisagem urbana da Vidigueira. Na frente da torre encontra-se o escudo das armas dos Gamas, esculpido em mármore branco;
  • A Torre do Relógio, cuja guarita alberga um sino oferecido por Vasco da Gama na era de 1520, como prova a sua inscrição;
  • A Cascata Armoriada, edificada em 1891;
  • A Estátua de Vasco da Gama, inaugurada em 1970;
  • A Igreja de S. Francisco, do século XVIII e que é hoje a Igreja Paroquial;
  • A imagem de Nossa Senhora das Relíquias;
  • A Igreja da Misericórdia, instituída em 1592 e reedificada em 1688;
  • As ermidas: de S. Rafael, edificada no século XVIII, por D. Francisco da Gama, 4° Conde da Vidigueira; de S. Pedro, que oferece uma panorâmica encantadora; e a de Santa Clara, edificada em 1555.

A economia da freguesia assenta na agro-pecuária, sendo de salientar que as culturas predominantes são a da vinha e a da oliveira, cujo produto ao longo dos tempos adquiriu notoriedade a nível nacional. A caça é atualmente um fator económico importante; assim como a silvicultura e a indústria alimentar, destacando-se, ainda, o papel da Administração Local. No artesanato predominam os bonecos em barro, em madeira e de trapos, destinados a decoração.